quinta-feira, 19 de outubro de 2017

A Assexualidade e a Comunidade LGBT+




Muito se fala na comunidade ace sobre nós assexuais pertencermos ou não a comunidade LGBT+. Uns dizem que sim, outros dizem que não. Mas o fato é: nós assexuais, fazemos sim parte dessa comunidade.

"Assexualidade faz parte da comunidade LGBT?"
   - Faz! Atualmente se usa mais a sigla LGBT+ ou LGBTQIAP+ (lésbicas, gays, bis, trans, travestis, queer, intersexo, assexuais, pans [...]). [3]
     Se a gente parar pra pensar, é uma comunidade que sempre está em transformação. Antigamente qualquer pessoa fora do padrão de gênero, sexo ou sexualidade (incluindo pessoas sem interesse em sexo, que podem ser consideradas aces), eram consideradas à margem da sociedade, só em meados da metade do século XX, que surgiu o movimento Queer[4], termo anglo-saxônico utilizado para representar todes que não se encaixam na norma cis-hétero-diádica[2]. Quem nasceu na década de 80 ou 90 sabe que a comunidade também já foi chamada de GLS, mas essa sigla era mais usada para fins comerciais que o real motivo da comunidade LGBT+, o que até já virou um termo ultrapassado. A comunidade LGBT+ é representada por todas aquelas pessoas que não se encaixam na cis-heteronormatividade.

"Ah, mas eu sou hétero, não tenho nada a ver com isso."
   - É hétero, mas não é (alo)sexual, o que já faz com que você NÃO se encaixe no que é tido como padrão cis-heteronormativo, logo, você se tornar parte de uma minoria, consequentemente, pertencendo a comunidade LGBT+. Não esqueça, mesmo você sendo heterorromântico, você acaba sofrendo ou sendo atingido de alguma forma pela sexo-normatividade que nossa sociedade prega.

"Olha, eu não quero fazer parte dessa comunidade."
   - A assexualidade faz parte da comunidade. Se você não se sente representado, é um direito totalmente particular seu.

"Afinal, o que essa comunidade é?"
   - A comunidade LGBT+, que é diferente do indivíduo que é LGBT+ (que muitas vezes, não representa a comunidade e as pessoas que estão dentro dela), é um movimento político social, que busca diversidade, visibilidade, orgulho e direitos civis, como a união e casamento igualitário, tratamento hormonal de pessoas trans, reconhecimento voluntário do gênero não-binário, entre outros. A adição da letra I no LGBTI+, por exemplo, faz com que políticos defensores dos direitos humanos, ao verem essa sigla, pensem em conscientizar a busca por mais estudos sobre o assunto, fazer com que pessoas nascidas intersexo façam acompanhamento genético, evitando a mutilação genital em bebês, seguindo recomendações da ONU, inclusive em alguns países, intersexuais têm opção de serem registrades de gênero neutro, para uma melhor transição.



Alguns pontos importantes:


1. Em grupos e comunidades internacionais costumam resumir a sigla LGBT+ a MOGAI (orientações marginalizadas, alinhamento de gêneros e Intersexuais). Outres chamam "Minorias sexuais", GSM/GSD (gêneros e sexualidades minoritárias/diversos). Porém muites se sentem desconfortáveis e acham problemático o uso dessas siglas;

2. Uma pessoa LGBT+, essencialmente, é uma pessoa fora do padrão cis-hétero-diádico.
Cis de cis-sexuais/cisgêneras: pessoas que se identificam unicamente com o mesmo gênero atribuído/assignado ao nascer, não-trans;
Hétero (héterossexual/heterorromântique): pessoas que são atraídas sexualmente e romanticamente por pessoas do gênero oposto.
Diádicas (ou perisex): pessoas não-intersexo, cujo sexo genético é XX com um útero, uma vulva, uma vagina [...] ou XY com testículos [...], intersexo fundamentalmente seria fora da binaridade biológica de sexo macho/fêmea, envolvendo a corporalidade, o fenótipo, etc.

3. Existem outras adições que muitos fazem na sigla LGBTQIAP+; a letra G, por exemplo, também representando genderqueer, além de gays, B de birromântiques e bigêneres, além de bissexuais, a letra T para Travestis, além de pessoas trans (transgêneras e transexuais), Q de questionando (indefinides), além de queers, a letra A de arromântiques, andrógines e agêneres, além de assexuais, P de polissexuais, além de pansexuais. Fazendo assim LGGBBBTTTQQIAAAAPP+.

4. Queer (“estranhe”, “anormal”, traduzido do inglês), palavra anglo-saxônica, era pra ser ofensiva, assim como viado, bixa e sapatão, porém muites encontraram empoderamento ao afirmarem realmente serem assim, pois constantemente eram vistas desta forma. Assim como a palavra GLS (gays, lésbicas e simpatizantes, gay-friendly em inglês) foi usada em países lusófonos (de língua portuguesa).
História: apenas no final da década de 80, acadêmicos e ativistas passaram a se reapropriar do termo para se organizar em comunidade e dar um novo significado além de gay/lésbica, no entanto, o termo não é universalmente aceito na comunidade LGBT, e ainda pode ser visto por alguns como degradante, que em alguns lugares podem censurar o uso da palavra. Queer também é um termo usado por ativistas e acadêmicos: políticas queer; estudioses da literatura queer. E a palavra vem ocorrendo mais recentemente para incluir qualquer pessoa cuja sexualidade ou identidade de gênero cai fora do mainstream heterossexual ou binário de gênero. Uma pessoa que se identifica como queer pode ser gay, lésbica, bissexual, transgênere, gênero-fluide, etc., mas o uso de queer evita qualquer rótulo específico.

5. A no LGBTA, em inglês, foi erroneamente colocado para allies (aliades em português), o que invisibilizou nossa existência por um bom tempo.

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